Réquiem para um machado.

MAchado

“The Axe Murderer”, “O Assassino do Machado”.

É como ele será lembrado. Nossos nomes ficaram assim, inseparáveis para a eternidade.

Derrubado o Império Oriental, ele assim como muitos outros, não viu alternativa que não seu retorno ao ocidente.

Poderia ficar por lá. Desfrutando das glórias que seu reinado de tantos anos lhe proporcionava na terra do sol nascente, já que seu país de origem pouco o conhecia. Ainda àquela época, seu povo abominava em todas as instâncias a brutalidade dos pseudo-homicídios que ele protagonizava contra algum desavisado que com ele ousasse dividir o mesmo metro quadrado em um ringue. Contem 35 infelizes ao todo. 

Mas o Coliseu de Tokyo sucumbiu. E oposto ao coração dos antigos gladiadores, ansiosos pela liberdade, seu âmago clamava por uma coisa e apenas uma coisa:

Mais sangue.

Entristecido, olhou por cima do ombro para aquela terra que o acolheu como um dos seus pela última vez. Ao menos por hora. Com cuidado, mas sem frescura, me repousou nesse mesmo ombro. E com o peito carregado da mesma tristeza de quem abandona a própria pátria, viu-se obrigado a abandonar aquele povo que o acolheu como irmão. Como ídolo. Partira, pois sua natureza assassina demandava mais dentes esmigalhados, mais ombros lacerados e mais rios de sangue dos seus adversários.

Fomos recebidos pelo Iceman, soberano das terras do ocidente, em um duelo que será lembrado através das gerações. Perdemos. E a derrota nos mostrou que por cá, talvez as coisas fossem opostas ao que vivemos por lá. Vieram ainda outras batalhas após aquela do Iceman. Mesmo contra o auto-proclamado “Deus da Destruição”, nosso antigo desafeto que jamais nos causara problemas nos tempos de Império, mas que daquela vez acabou a noite uivando como um lobo, depois de esfacelar a garganta de um Cachorro Louco com um só golpe. Em verdade, outras derrotas também vieram. E após cada uma delas eu me sentia mais e mais pesado.

De pouco em pouco, e cada vez mais ele foi mudando de forma. Literalmente. Há que diga que contaminado pelo vírus que domina as terras do norte. O vírus da ganância. Como parceiro de tantos anos, aos poucos fui sendo substituído por um outro, pouco convencional nos campos de batalha. As câmeras. Vídeos de passeios em limusines, circulando tranquilamente na beira da praia, reality shows particulares, contradições ambulantes.

Vitórias também vieram, nessa nova terra, é claro. Poucas, entretanto.

Mas todas elas com o mesmo instinto assassino de outrora.

Agora aqui, pendurado na parede, acompanho inerte as mudanças do meu antigo companheiro de batalhas.

Se pudesse falar com ele, minha súplica seria apenas uma:

Amigo, me deixe aqui.

Claro que ainda sinto saudade das lutas, dos clinches quebradores de ossos, dos pisões e encaradas. Mas aquele foi o nosso tempo. E nosso tempo já vai longe. Se sua sede de sangue passou, velho companheiro, eu não o culpo. Mas por favor, não me tire daqui apenas para pagar as contas. Nossas guerras viraram esporte. Um esporte lucrativo, controlado por ditadores cada vez mais gananciosos.

Então, se você ama mesmo os fãs que nos apoiaram durante todos esses anos, e não quer mais fazer parte desse “circo”, deixe que suas memórias nos tornem inesquecíveis.

Estaremos sempre juntos.

De seu irmão em armas.

Axe.

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